Entenda como a notícia da alta nas tarifas de produtos exportados do Brasil para os EUA já impactam e ainda podem impactar os produtores do agro
Na primeira quinzena de julho de 2025, o então presidente norte-americano Donald Trump surpreendeu o mercado ao anunciar tarifas de 50% sobre todos os produtos importados do Brasil, valendo a partir de 1º de agosto — quadruplicando as alíquotas anteriores de 10%.
Logo em seguida, o Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR) anunciou uma investigação formal sob a Seção 301 da Lei de Comércio de 1974, avaliando práticas brasileiras que supostamente prejudicam empresas americanas em setores como comércio digital, tarifas preferenciais, etanol, desmatamento e propriedade intelectual. O objetivo é avaliar se essas barreiras justificam represálias adicionais.
Acordo explosivo: tarifa + investigação
Essa dupla ofensiva (a tarifa de 50% junto à investigação sob Seção 301) cria um ambiente de incertezas para quem atua com exportações brasileiras aos EUA. Já há setores afetados:
- Carnes: grandes exportadoras interromperam envios ao mercado americano e reavaliam contratos, diante do impacto tarifário.
- Café e suco de laranja: tarifas elevadas pressionam preços nos EUA — consumidores americanos podem pagar mais por uma xícara diária.
- Commodities como soja, milho e etanol também são alvo direto das medidas.
E o agronegócio? Como essa tempestade afeta o campo
De acordo com especialistas, o agro pode sofrer com as medidas, já que os Estados Unidos são o terceiro maior destino dos produtos brasileiros.
- Reformulação nas exportações
Preços altos nos EUA farão muitos exportadores redirecionarem cargas para outros mercados. China, Europa e Oriente Médio podem ser uma alternativa estratégica.
- Pressão nos preços internos
A redução das vendas ao exterior tende a criar excedentes locais. A concorrência doméstica pode forçar os produtores a baixar o preço no atacado e reduzir a receita.
- Custo de insumos sobe
Com o dólar enfraquecido, insumos importados podem encarecer, aumentando a pressão nos custos de produção.
- Foco no etanol
A Seção 301 revisita tarifas sobre o etanol americano (que hoje é cobrado a 18% no Brasil), abrindo espaço para negociações que podem beneficiar o setor caso o Brasil corte reciprocamente as tarifas.
- Real desvalorizado
Em parte devido às tensões comerciais, o real pode desvalorizar. Esse cenário favorece o agronegócio exportador, mas tende a encarecer os insumos importados .
O que isso significa na prática?
De maneira simplificada:
- Quem exporta precisa replanejar estratégias: revisar contratos, buscar novos destinos e mitigar riscos cambiais.
- Quem produz no mercado interno deve se preparar para margens apertadas por conta do excedente.
- Quem atua no setor de etanol deve acompanhar de perto as negociações. Há chance real de reversão na tarifa americana, com impactos positivos.
E agora?
O prazo para comentários e participação pública no processo da Seção 301 termina em 18 de agosto, com audiências previstas para 3 de setembro de 2025.
Enquanto isso, o Brasil tenta negociar com os EUA para adiar ou reverter as tarifas, e produtores seguem de olho nos movimentos para ajustar suas estratégias.
Momento de atenção e agilidade
O combo “tarifaço + investigação” expõe um cenário instável para o agronegócio brasileiro. Entre rever destinos de vendas, reavaliar custos e se manter atento aos desdobramentos legais, quem atua no setor precisará de agilidade e visão global para driblar essa tempestade comercial.
Entenda como o sorgo pode funcionar como uma boa alternativa ao milho na formulação de rações.